terça-feira, 6 de setembro de 2011

Discutindo a Relação


-Ah Céus! Vamos começar tudo novamente?
-Não, é só porque...
-Não nada! Você sabe que sempre quando isso começa termina assim...
-Assim como?
-Assim... Você emburrado e eu sem saber o que dizer...
-Há! Mas daquela vez não foi bem assim, até que terminamos bem...
-Não mesmo! Eu fiquei super mal. Passei horas e dias refletindo sobre tudo aquilo. Não quero ter essa dor de cabeça de novo.
-Tá certo! Então acabou por aqui!
Ambos fecharam o livro de filosofia. Um ficou emburrado e a outra sem saber o quê dizer.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Observando para Frente

Mais um dia fui novamente indagado sobre minha possível crença no amor. Toda vez que essa questão reparece me recordo de uma dia em específico.
Era um dia de céu cinzento, da cor do cimento. Estava eu parado na mesma estação de ônibus. Esperando. Até que chega o então esperando transporte. Evidentemente enferrujado, daqueles que você se pergunta: "nossa como ele ainda anda?". E mais, encontrava-se ainda mais lotado. Ao ponto que indagaria mais: "como continua andando assim?". Bem, após esperar umas pessoas descerem, subi no então objeto de locomoção.
Era relativamente espaçoso. Os bancos velhos eram descompassados. As duas fileiras de cadeiras, estavam divergentes em sua simetria. A fileira da direta se posicionava uns centímetros a frente da fileira da esquerda. Sentei na última delas.
Logo, observei uma linda menina na cadeira do outro lado, mais a direita, e um pouco mais a frente que a minha. Senti uma paixão flamejante e profunda em segundos, como se o sentimento me afogasse numa alegria profunda de ter visto ela. Passando alguns minutos, notei que ela olhava também para minha posição, contudo, olhava para a direita. Sendo que era um pouco mais a diante. O que ela buscava? Então, olhei para a cadeira da minha frente, e assim encontrei a razão do olhar dela. Havia um homem, alto, e de grande porte físico na minha frente. Fiquei envergonhado e olhei para baixo.
Passando alguns minutos, voltei a olhar ela. Notei como ela estava vidrada nele, assim, como eu estava minutos atrás por ela. Contudo, vi que ele não a correspondia. Mas estava também paralisado olhando um pouco mais adiante, vidrado na mulher que vinha sentada pouco mais a frente da menina que estava olhando para ele.
E notei logo de extrema curiosidade. Em cada banco, tinha uma pessoa. E cada uma delas observava atentamente a que estava posicionada na outra fileira, em oposição a sua cadeira. Era como se todos os olhares formassem um zig-zag ad infinitum. Fiquei triste e ao mesmo tempo aterrorizado. Era como se cada um, paralisado observado o outro, não tinha capacidade de notar que estava sendo observado.
Repentinamente, o ônibus parou. E subiu todo encharcado um ser alto, cabelos compridos e de forte cor escarlate. Seu chapéu tampava o seu rosto, e seu sobretudo pingado da chuva que agora caia la fora, molhava cada passo que este dava no transporte enferrujado.
Olhei para baixo logo, odeio quando esses seres estranhos sentam do meu lado, contudo, foi ao meu lado que foi escolhido.
E com uma voz roca e sombria que este me perguntou:
-"você acredita no amor?"
Fiquei inicialmente meio desconcertado, fingido que não era comigo, mas ai rapidamente este me bate no braço indagando novamente, me forçando uma resposta.
-"Não sei..."
E continuou
-"vai dizer que você não notou o que se passa nesse ônibus?"
Rapidamente me virei para sua direção. Alguém mais havia notado o que eu tinha percebido.
-"Sim sim, você também notou?" - disse eu, observando agora sua face extremamente pálida, e ainda, relativamente úmida pela chuva.
-"Apesar de aparecer, você não esta sonhando. Esse ônibus é apenas uma parcela do que acontece entre vocês, Oh seres mortais. Nunca conseguem notar quando alguém vos ama. Vivem apenas um megalomania de buscar o absurdo, o impossível. E tudo isso é formado pela total ignorância que todos vocês, mortais, tem de si. Se não tivesse o tanto desejo de serem deuses, de serem imortais, e ambições megalomaníacas, jamais estariam tão alienados assim..."
- "Mas", interrompi sua fala "a primeira, veja! Não observa ninguém, talvez ela não esteja alienada."
Um berro horrendo saiu de sua face cadavérica
-"Pobre alma! Aquela esta pior de todas. Observa o infinito, deseja o absoluto. Esta crente que no fim dessa estrada que nunca ira acabar, haverá alguém em algum lugar, em algum tempo, que ela vai amar. Ela é daquelas que diz que nasceu no tempo errado, que esta no lugar errado, que ninguém a entende, que cobra muito de todos, sem nunca dizer que esta errada. Aquela é praticamente um personagem literário, ela crer nisso, e que um dia, vai encontrar sua alma gemia em alguma literatura barata, escrita em sites obscuros por idiotas que se alegam misantropos."
Tomando essa consciência, olhei para trás, em busca de saber quem me observava. Notei que por estar na última cadeira, ninguém me observava. Somente tinha a parede do ônibus cheia de lodo.
Outra risada estrondosa eu ouvi
-" E você esta procurando alguém? Hahahaha Mero mortal! Ninguém olha para ti, você é o últimos dos humanos, o resto que apodrece fora do prato. Tu és o apêndice extraído, podre e carcomido."
E, esse ser continuou.:
-"Não fique tristinho mero mortal. Você somente entendeu tudo isso, porque tu és a renegações, somente as renegações entendem isso da podridão da vida. Tua podre rejeição, faz com que você veja a podridão de todos eles. Você poderia viver e alimentar uma fé de que alguém em outro ônibus vem na frente, imaginando que existe você exatamente igualzinho como ela quer. E, que você vai viver nessa esperança, que você ao ela encontrar vai se apaixonar na caridade de retribuir o seu amor. Ou, ninguém na verdade pode lhe imaginar, diferença para ti não vai fazer, nem muito menos para mim."
-"E como eu faço para salvar as pessoas?" Tentei indagar, mas, o ser se levantava novamente, e puxava a corda para parar o ônibus e descer. E assim, se foi, como um mestre chinês que deixa seu discípulo abandonado na hora que este faz a pergunta mais crucial.
Mas, duvido muito que aquele ser tivesse alguma resposta. Todos continuavam parados. Eles estavam todos atentos demais para mudar suas posições e ver outra coisa. Notar que o mundo era mais que aquilo que eles viviam. Alienados demais para ver se eram amados. Ignorantes de si, arrogantemente visando aquilo que não podem. Intransigentes de mais para mudar de suas colocações de olhares. E assim ficaram, eternamente observando para frente...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Refletindo

Sobre o olho que observa outro,
Tu vens dançando um encanto,
Hipnotizando como um monstro,
Eu via o rodopiar no seu canto.

Eu, sendo atraído, sendo possuído,
Pelas garras escarlates consumido.
Nas vísceras vão sendo rasgadas,
As sensações vão sendo apagadas.

Não sei o próximo passo disto,
Tudo morre se move em misto.
Afinal, o que será tudo isto?

De onde é que você vem? Tu és quem?
Toda a monstruosidade nasce do além!
Oh! Apenas imagens o espelho me tem...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Acorrentado aos Destroços da Memória


Numa noite chuvosa todos foram embora numa retirada ardilosa. Rapidamente, grandes depósitos acoplados a enormes veículos, carregaram um a um, os mantimentos e os mandamentos. Eram homens fardados, uniformizados e treinados. Fizeram todo descarregamento de maneira sistemática, tudo muito organizado. Nenhuma resistência pode ir contra suas insistências. Tudo foi levado. E, foi acabado. Somente restaram no chão, as marcas do que outrora se marcou os símbolos do passado. Por onde se deram os passos, por onde se fixaram as marcas dos quadros. Restou apenas no chão, o registro  das lágrimas das tristezas; o suor do esforço e, e os lastros de sangue das derrotas. Restou o cupim que tomava o pouco do que ainda era vivo dos móveis de madeira envelhecidas. A poeira, e a areia, perderam suas fronteiras, agora invadiram onde era ocupado por cadeiras. Estas que eram apoio para tantos, agora são desvio na mente de poucos que recordam dessas lá.
Mergulhado nisso tudo, num colchão podre, apenas adormece um velho acorrentado as ferragens e destes aposentos. As correntes prendem com grilhões sua alma pelas pernas. Somente tem a sinfonia das torneiras mal fechadas e do mofo que consome as infiltrações. Acorda para contar suas goteiras. Corcunda, idoso e caquético. Com sua barba e cabelos desregulados e apenas uma roupa que restou no seu couro. Anda por entre os cômodos, observando cada lugar que foi outrora seu. Por todo tempo, consegue visualizar a presença de todos eles lá. E não consegue atravessar como se não tivesse no mesmo lugar que antes tiveram.
Agora ele não é mais morador, apenas um invasor. Abandonado. Sobe entre as escadas, cada degrau da escada que te leva para a sua jaula. Conhece cada aposento do seu passado. O passo de subida pela escadaria significa uma Era que se degenera no outro passo. Cada passo é uma memória em descompasso, lembrada pelos rangidos dos seus joelhos a marca sonora da maldição de sua futura morte. Puxa sua corrente com seu moribundo avanço de suas pernas tortas.
Agora tudo trancado e fechado, o sol não nasce mais nesse lugar. Para o Sheol está condenado. Contudo, é por pouco tempo. Logo a tropa que tudo tirou vai expulsá-lo para o fogo do Gehenna. Dessa forma, sua alma logo há de queimar, e para sempre, desparecer.
Enquanto isso não acontece, o velho dorme. Profundamente, e possui a tranqüilidade nos destroços de suas memórias acorrentadas. Eis que surge o mostro aterrador que sempre persegue-o nos sonhos. Seus cabelos vermelhos permanecem esparramados e olhos fechados, encontra-se acorrentado ao lado do velho. O mostro de cabelos escarlate é um eterno cego do ego. O velho não pode, mas gostaria de adormecer para sempre em sua carcomida cama infestadas de cupins, apenas alimentado pela esperança de morrer. As memórias de seu último cárcere, a carne, morrem com ele. Junto dele, o mostro escarlate da morte lhe aguarda. Afinal o sono é irmão da morte...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Proclamação da Vanitas Contemporânea

Andando pelos escombros deste tumor terreno em decomposição, avistei um cidadão, deitado no chão. Sua cara ia de contra a lama, para ele, era como sua cama. Ele ainda respirava, e rapidamente, se colocou de pé. Subiu numa velha caixa, e começou a virar seus olhos flamejantes um discurso inflamando ofegante. Seus cabelos vermelhos, seus olhos de foto, e sua cara pálida de morto, e um sorriso androgino. Iniciou aos berros e hipnóticos gestos, seu discurso sobre a Vida e Distorção. A narração a sobre o encontro de um verme conhecido por perplexidade num abismo em que jaz a deidade. Descabelado, decaido, derrubado, despedaçado e derrubado; lá seu assassino desvairado. Entende então, a vida como um vácuo em vão. Ensina aos outros, irmão! Essa sua técnica de Ars Morriendi. De repente, um exército da cor do fogo do inferno, vem na sua coreografia ensaiada no tártaro a Danse Macabre. E vão em sua marcha esquizofrenizante, levando as multidões, aos delírios e as histerias em massa. E ainda berrando, enquanto todos vão no seu êxtase da dança e marcha, vai escandalizando o androgino com seu tema da insignificância da vida, e a efemeridade das coisas físicas. Seu lema, sua máxima, que gritava sempre com garra, vinha aos meus ouvidos e explodia minhas amarradas. Levava minhas entranhas as vibrações das distorções. Era o Memento Morri, LEMBRA-TE QUE MORRERÁS! E, toda vez que eu tento mais viver, mais me consolida minha morte. A lutar por me agarrar na vida, não passa como um suicídio a cada dia. Se você acha que tudo isso acabou? Calma-te, a tortura apenas começou.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Mania de Coulrofobia


Um nariz postiço e um sorriso omisso. Assim se faz a construção do nosso personagem que nos da passagem para o decadente odor de humor. Esse ser, na qual os outros entram no casulo verme, esse sai deste ainda verme. Construindo em si tudo aquilo que não vai indo, sendo o opúsculo de sua vida malograda que se eclipsa com um crepúsculo do sol com a terra. Um alcoólatra, um traumatizado na culatra, maníaco ocular, suicida bipolar, psicopata unipolar. Constrói a graça nos alicerces de sua desgraça, antecipa com teu canto o tempo da devassa. No seu corpo grotesco, encenando no teatro do burlesco, faz-se a a ante-sala do fim. Ele grita ao avesso que nele esta em sua essência travesso. Vem e berra: “Tudo erra!”. O resultado é a boca abrir e todos se põe a rir. Quando ninguém tiver valor se tem o humor. Isso tragicamente tem um horrendo fedor. São os profetas da modernidade, gritando a todos as verdadeiras metas. Mas todos apenas tomates atiram, sujando suas roupas escarlates. E no final, esse é nosso mal, é trágico, por isso é mágico, é cômico esse sorriso biônico. Estão todos nele de mão dadas: o tragicômico.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Perseguem, castrem, quem (não) tem

Marca na testa, não é a da besta. Perigo crônico, suicida biônico, vem a caminho de ti, no carrinho dos descaminhos, mas, ele já esta sem bobina. Otário e idiota, estar sem creolina, nadar como lagartixa espremida. Ele e a rainha virgem das prostitutas das esquinas vazias, com as vaginas secas arrancadas das virgens suicidas, viradas para o entardecer lunático do compasso-descompasso, louco insano e enfático infarto crepúsculo em parto. Corra! Eles vêm de bocarra aberta virada para tua camada de epiderme de verme. Se esconder e se escorrer põe-se a correr, em árticos mares que tem nascentes da loucura de um cego insano escritor de insônia e demências mentais loucas. Ando dançando como pássaro epilético, seco e caquético. Graciosos como corpos anoréxicos, atacadas nas coceiras em pernas de canseiras feitas de pó e madeira. Acordou na lavandeira. Cuida dessa atiradeira! A morte vem como uma lareira, atacada com álcool e muitas bombas caseiras a espera da vinda dos bombeiros, fazem as luzes atrás de ti, trazem sombras deles ali. Lá já estão, arar teu cérebro eles vão, para isso, pegar as picaretas nos celeiros da loucura e demência sem-tem reticência...