domingo, 31 de outubro de 2010

O Sono e a Morte

A vacuidade é aquele sentimento perfeito que sentimos nesses dias, nesses tempos e séculos. Como se todos estivessem lançado num crepúsculo dominical, e existem duas espécies onde todos estão paralisados de frente para uma televisão, ou, virado da mesma simetria do ritual latino romano. A diferença é que o primeiro não sabe não há nenhum repouso divino para esse fatídico dia. O segundo sabe, mas, não quer admitir. A diferença da ignorância nascida para ignorância consentida, esta numa tela multicolor pitoresca, surrealmente psicodélica, e numa fé de teatro.
Perdidos, o homem moderno montou em seu alazão, correu para o riacho mais próximo e proclamou esse dia como o dia da diversão. Uma auto-ilusão, apertam botões, até o ponto de não saber quem são, nem onde estão, até confundirem, personagem que esta além tela é o real, e o que está aquém, é um simulacro.
E o que faz nesse dia esse Imperator? Sente apenas a sensação que o coletivo lhe transpira: como de um fim de relacionamento, de uma piada sem cabimento, um comentário inconveniente, uma espera na parada de ônibus noturno, ou espera por um par romântico... É isso, estão todos esperando alguém, e esse messianismo o causa repugnância. Eu vou hibernar no sábado, não se esqueça me acordar quando tudo estiver acabado. Como o sono é irmão da morte, tentarei com ela aprender algo derrocado: a serenidade que os vivos-mortos e dormentes na face tem-se colocado. E, no final, será uma segunda-feira, e eu serei um morto-vivo despedaçado. Bem-vindo, cíclo semanal recomeçado.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Movimento de Dante para o Inferno

Com toda certeza, Dante se esqueceu gravemente de registrar uma parte em seu inferno. Não vou condená-lo ao Sexto Círculo. Ele não era dotado de capacidade para adivinhação. Assim como nunca adivinharia que o homem faria sua queda para a praia, jamais preveria tal fenômeno que encontramos hoje: o de trair o movimento. Se o movimento tivesse uma cabeça, creio que essa é mais cheia de chifres do que qualquer besta diabólica escrita na Divina Comédia. Nesse exato instante, a cada milésimo, quatro pessoas estão traindo o movimento. Como eu sei o número exato? Bem, vai aos mesmos cálculos fictícios que aquelas organizações apocalípticos fazem para tirar do nosso bolso o dízimo político. E assim, com o tempo, o movimento vai sendo traído por seus integrantes a cada instante, por isso, os integrantes são acusado de traição, antes de mesmo de terem feito alguma coisa. Todos vivem querendo ser, falam ser, mas esquecem de ser. Esquecem-se porque falam, enfeitam-se em demasiado. E somente existe regras vazias, tão quanto suas fantasias. Se respirar errado, já é uma condenação a morte. Por isso, eu digo, tem uma parte no inferno, onde estão todos acusando você de trair o movimento, e você vive a angústia de tentar esta no movimento, e para isso, tem que acusar os outros de trair o movimento também. Somente dessa forma, falando enfeitadamente, você vai se afirmar neste movimento; o movimento da traição do movimento. Assim, passaram a eternidade vivendo, não-vivendo, usando de força vital, aquilo que lhe destrói, mergulhados numa tagarelice cíclica que ninguém se ouve. São cachorros atrás do próprio rabo. Bem, refletindo com mais profundidade, revoltei-me com tudo, mudei de idéia sobre Dante, ele cometeu um erro grave, ele traiu o movimento. Vai para o inferno, lamento!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Praieiro


Existe um local que é a prova material da existência do diabo. Muito provavelmente foi nesse lugar que, depois da Guerra do Céu, o terço dos anjos que se rebelaram caíram. Este ambiente da queda chama-se por um nome muito sagrado do pacato cidadão contemporâneo: a praia.

A estrutura geológica formada por dióxido de silício que é chicoteado pelas ondas das águas até atingir o tamanho entre 0,063mm à 2 mm. Ou seja, a diabólica forma da areia. Este elemento participa de uma onipresença invejosa para Deus, ela penetra em todos seus poros, orifícios e tudo que tenha algum espaço no seu corpo. A partir desse elemento que o demônio lhe conhece, literalmente, pelo interior. A areia prega no seu corpo, e somente sai quando você vai para um água completamente salobra, turva que racha e resseca sua pele, desidrata todos seus cabelos, irrita seus olhos, e quando se tem que competir com os verdadeiros animais desse habita, você pede arrego, e sai desse lugar. Aí, a areia abraça novamente seus poros. No final, depois de queimar-se no sol, e destruir definitivamente sua epiderme, você volta para casa, e de fato, toma um banho. Oras, afinal, é so na praia onde se mantem um paradoxo, é um lugar onde você vai tomar banho, mas no fim de tudo, ninguém tolera o cheiro do resultado desse processo, um odor do tipo do Aquaman. Então no final de tudo, toma-se outro banho.
Tenho uma nostálgica saudade de quando a praia era a morada de sereias, Tiamat, Leviatã, Kraken, Hidra, donde o mar era representação das profundezas infernais, que todos temiam. Por isso, até hoje, procuro assiduamente, por algum povo na história da humanidade, que teve algum conto, mito que demonstre positivamente o fenômeno praieiro. Dos grandes líderes espirituais, todos nem de perto estivaram na praia durante seus momentos cruciais. Moisés recebeu as tabulas dos Dez Mandamentos no Monte Sinai; Jesus deu o Sermão da Montanha, numa figueira Buda atinge seu nirvana, e, Aleister Crowley era um alpinista, e nas montanhas tinha seus devaneios.
Em toda história, ninguém em sua sã consciência diria que existiria algum tipo de lazer ficar se autodestruindo num ambiente mais caótico que o devir de Heráclito. Somente depois de passar por uma lavagem cerebral, e repetir mil vezes que aquilo é bom, todos vão como uma zumbie walk para o litoral mais próximo, gemendo pelo nome:"praiiiiiaaa".
Afinal, Jesus passou pelo mar, mas, ele andou por cima, jamais delirou em ter a ideia de colocar uma roupinha colada para mostra o corpo másculo, e dar um bom mergulho nessa água salgada.
Antes, lazer estava associado com a ideia de escalada em montanhas, caçadas nas florestas ou seja, num encontro espiritual do homem com a natureza. Porém, nos confins da Era Vitoriana, começa-se o repugnante costume de ir para praia. Porque não bastar apenas, ir para praia, existe uma cultura ao redor disso, uma roupa, uma música, uma linguagem, todos do mais baixo e alienadores níveis. Uma clara consequência clínica de que a maresia, o cérebro enferruja.
Em suma, a praia tem a espiritualidade do mundo do século XX e XXI, banhado por sangue de duas guerras mundiais, genocídios, pranchas de totalitarismo, e limpezas étnicas de picolé caseiro, surfar em ondas radioativas, pandemias ensolaradas, testes humanos em trailer de cachorro-quente, ciborgues de asa-delta, clones de biquines, e ETs de boias de plástico... É assim que tudo termina, o homem saiu da montanha e morreu na praia.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Plano da Terra Plana


O plano sempre me recorda algo como um eletrocardiograma em estágio fúnebre; reto. Como uma folha de papel estirada numa mesa de mármore, donde os conspiradores tecem suas teorias mirabolantes para um mundo melhor. E assim, o plano geográfico do solo é atingido pelo planisfério da práxis geopolítica, temos o revolucionário, a esquizofrenia. Porém, quando o solo plano, planeja contra o plano da geopolítica? Temos o terremoto, um fato real. É nessa hora que o plano da Terra mostra ter um plano para você. É, eu gostaria de ter fé cegamente nesse plano geopolítico, que tudo foi uma mera enganação de uma elite aristocrática mundial homogênia, controladora de tudo. E que a soteriologia consistiria numa conduta dogmática estabelecida por um Deus ex machina, que fez uma criation ex nihilo e morreu. Eu tenho fé no plano da Terra, estou com a Internacional Flat Earth Reserarch Society do Charles Kenneth Johnson. Está todo mundo nesse barco de ideologias cegas, doentes e invertebradas, sendo conduzidas para o abismo da fronteira final dessa Terra plana.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Encontrando um amigo


Certo noite, enquanto caminhava num cemitério, observei um velho coveiro cadavérico. Observei o seu rastejar coxo vermiforme e lento. Uma pá que nas costas levava deixou-me curioso. Indaguei: "O que hoje o senhor faria?". Ele respondeu que um amigo encontraria. Outra noite, enquanto andava num cemitério, achei o mesmo velho coveiro cadavérico. Estava a cavar, algo difícil de calcular. Curioso, indaguei: "O que hoje o senhor faria?". Ele respondeu que ao cavar o peso das costas tiraria. Outra noite, enquanto andava num cemitério achei a pá do velho coveiro cadavérico. Desgastou-se de tanto utilizar. Logo não pestanejei e pus nas costas a antiga pá. Um homem por ali andava, começou a observar-me. Curioso ele indagou: "O que hoje o senhor faria?" Rapidamente eu respondi que um amigo encontraria.

Entre Alfa e Omega


Decadentemente, venho no vazio de minha res cogitans, e de minha res extensa, escrever algo que se apresenta ao delírio dos meus sentidos, como uma rede de comunicação virtual. Sempre quis que esses escritos se fixassem em algo sólido, e não se tornassem depois apenas lenha para cigarros. Por isso, vim usar essa rede de um campo delirantemente oco, para assim, esquizofrenizar a mim mesmo. Relendo a cada dia o mesmo delírio, vivendo-os eternamente, como um círculo. E por isso, difícil é de retratar esse como primeiro. É sempre assim! Tudo vai começando a ficar como uma angustiosa problematização metalinguística sobre o primeiro. Girando tal como os meus bêbados delírios diários em círculo, tudo vira cíclico, num discurso ad nauseam sobre origem de ovos e galinhas. Afinal, antes de tudo, antes do primeiro, o que é o primeiro? Quando eu estava no primeiro ano, escrevi um primeiro poema, para meu primeiro livro de poemas. Ele retratava de como era difícil fazer o primeiro poema. De que iria tratar o primeiro poema, já que antes houveram tantos que foram vomitados, defecados e nunca consolidados? Logo, esse não era o primeiro. Portanto, veio a ser o último, porque não tinha mais poemas, tornou-se um livro mono-poemico. Foi ele então o último. Quanto a esse primeiro de agora, não sei até quando será o primeiro, mas, que perto do último ele vai se aproximando, quase como uma profecia fatídica do crucificado, o meu primeiro vai torna-se o último.