quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O Morto-Vivo

Ah! o irmão do sono, depois de hibernar, nada como acordar num dia de mortos. A vida se mobiliza às vezes às avessas. Ou seríamos nós que deliramos que ela esta ao contrário, e nos que estamos ao avesso. Nós vivos, estamos sempre pensando nos mortos, relembrando os mortos. Certa vez recordo aquele ingênuo aluno secundarista que perguntou ao seu professor, “e existem filósofos vivos?”. É! Não existem! Não existem filósofos vivos, nem artistas, nem músicos, nem ninguém, a morte que nos consagra, ela que nos imortaliza. Ela é a formula que os alquimistas se esqueceram de acrescentar no elixir da longa vida. Vivemos a vida lutando para a morte, quanto mais tentamos estar vivos, mais rápido morremos. Por exemplo, ter um filho, é a coisa mais desgastante do mundo, é aquilo que lhe ajuda a levar para cova, e por ele que você vive, pois é a prova da sua continuidade viva. Porém, existem outros exemplos não biológicos que mostram a continuidade da vida, você morre para seu país, seu partido político, sua fé na sua Igreja ou Deus, família, amigos, banda musical, ou ate mesmo, voltado no ápice do egocentrismo, morre por si mesmo. O que mais fazemos de auto-sacrifício, mas nos beatifica. Existe algo sagrado na autodestruição. Vivemos para os mortos, e se me falassem que existe algum Céu para eles, eu diria isto esta na sua cabeça, na sua memória. Nos livros de história, nas avenidas, nas estátuas, nos estádios nos feriados e nas festas. A memória é a morada transcendente dos mortos, é nela onde estão todos os antepassados, e eles que revivemos cada dia do nosso presente. Por isso, estamos mortos. Os mortos em nossa memória conquistam a eternidade plena, sendo os maus castigados, e os bons louvados. Os mortos fizeram os grandes eventos, que fazem até hoje balançar nosso presente. Eles estão cristalizados no passado de nossa memória, já nos, estamos num flexível mar, onde tudo pode mudar de repente. Os mortos são a própria forma concreta de ser, inalteráveis. Por isso, que as pessoas sempre nos cobram, uma lembrança, é um sinal do seu reconhecimento que não esta morta. E assim a história vai indo, enquanto vivo, estaremos mortos, e quando estivermos mortos, estaremos vivos. E, antes estar morto-vivo, do que ser um vivo-morto.

3 comentários:

  1. apenas depois de morto aumenta e vc e reconhecido

    ResponderExcluir
  2. É,perdi a conta de quantos artistas que apenas ficaram famosos depois de suas mortes,acho que isso se deve pelo fato de um ser que não está mais com nós apenas poder ser lembrado pelo que deixou desse mundo,e dessa maneira acabar sendo idealizado.
    ps:ótimo comentário do voisin haha.

    ResponderExcluir
  3. aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

    ResponderExcluir