Existe um local que é a prova material da existência do diabo. Muito provavelmente foi nesse lugar que, depois da Guerra do Céu, o terço dos anjos que se rebelaram caíram. Este ambiente da queda chama-se por um nome muito sagrado do pacato cidadão contemporâneo: a praia.
A estrutura geológica formada por dióxido de silício que é chicoteado pelas ondas das águas até atingir o tamanho entre 0,063mm à 2 mm. Ou seja, a diabólica forma da areia. Este elemento participa de uma onipresença invejosa para Deus, ela penetra em todos seus poros, orifícios e tudo que tenha algum espaço no seu corpo. A partir desse elemento que o demônio lhe conhece, literalmente, pelo interior. A areia prega no seu corpo, e somente sai quando você vai para um água completamente salobra, turva que racha e resseca sua pele, desidrata todos seus cabelos, irrita seus olhos, e quando se tem que competir com os verdadeiros animais desse habita, você pede arrego, e sai desse lugar. Aí, a areia abraça novamente seus poros. No final, depois de queimar-se no sol, e destruir definitivamente sua epiderme, você volta para casa, e de fato, toma um banho. Oras, afinal, é so na praia onde se mantem um paradoxo, é um lugar onde você vai tomar banho, mas no fim de tudo, ninguém tolera o cheiro do resultado desse processo, um odor do tipo do Aquaman. Então no final de tudo, toma-se outro banho.
Tenho uma nostálgica saudade de quando a praia era a morada de sereias, Tiamat, Leviatã, Kraken, Hidra, donde o mar era representação das profundezas infernais, que todos temiam. Por isso, até hoje, procuro assiduamente, por algum povo na história da humanidade, que teve algum conto, mito que demonstre positivamente o fenômeno praieiro. Dos grandes líderes espirituais, todos nem de perto estivaram na praia durante seus momentos cruciais. Moisés recebeu as tabulas dos Dez Mandamentos no Monte Sinai; Jesus deu o Sermão da Montanha, numa figueira Buda atinge seu nirvana, e, Aleister Crowley era um alpinista, e nas montanhas tinha seus devaneios.
Em toda história, ninguém em sua sã consciência diria que existiria algum tipo de lazer ficar se autodestruindo num ambiente mais caótico que o devir de Heráclito. Somente depois de passar por uma lavagem cerebral, e repetir mil vezes que aquilo é bom, todos vão como uma zumbie walk para o litoral mais próximo, gemendo pelo nome:"praiiiiiaaa".
Afinal, Jesus passou pelo mar, mas, ele andou por cima, jamais delirou em ter a ideia de colocar uma roupinha colada para mostra o corpo másculo, e dar um bom mergulho nessa água salgada.
Antes, lazer estava associado com a ideia de escalada em montanhas, caçadas nas florestas ou seja, num encontro espiritual do homem com a natureza. Porém, nos confins da Era Vitoriana, começa-se o repugnante costume de ir para praia. Porque não bastar apenas, ir para praia, existe uma cultura ao redor disso, uma roupa, uma música, uma linguagem, todos do mais baixo e alienadores níveis. Uma clara consequência clínica de que a maresia, o cérebro enferruja.
Em suma, a praia tem a espiritualidade do mundo do século XX e XXI, banhado por sangue de duas guerras mundiais, genocídios, pranchas de totalitarismo, e limpezas étnicas de picolé caseiro, surfar em ondas radioativas, pandemias ensolaradas, testes humanos em trailer de cachorro-quente, ciborgues de asa-delta, clones de biquines, e ETs de boias de plástico... É assim que tudo termina, o homem saiu da montanha e morreu na praia.