quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Praieiro


Existe um local que é a prova material da existência do diabo. Muito provavelmente foi nesse lugar que, depois da Guerra do Céu, o terço dos anjos que se rebelaram caíram. Este ambiente da queda chama-se por um nome muito sagrado do pacato cidadão contemporâneo: a praia.

A estrutura geológica formada por dióxido de silício que é chicoteado pelas ondas das águas até atingir o tamanho entre 0,063mm à 2 mm. Ou seja, a diabólica forma da areia. Este elemento participa de uma onipresença invejosa para Deus, ela penetra em todos seus poros, orifícios e tudo que tenha algum espaço no seu corpo. A partir desse elemento que o demônio lhe conhece, literalmente, pelo interior. A areia prega no seu corpo, e somente sai quando você vai para um água completamente salobra, turva que racha e resseca sua pele, desidrata todos seus cabelos, irrita seus olhos, e quando se tem que competir com os verdadeiros animais desse habita, você pede arrego, e sai desse lugar. Aí, a areia abraça novamente seus poros. No final, depois de queimar-se no sol, e destruir definitivamente sua epiderme, você volta para casa, e de fato, toma um banho. Oras, afinal, é so na praia onde se mantem um paradoxo, é um lugar onde você vai tomar banho, mas no fim de tudo, ninguém tolera o cheiro do resultado desse processo, um odor do tipo do Aquaman. Então no final de tudo, toma-se outro banho.
Tenho uma nostálgica saudade de quando a praia era a morada de sereias, Tiamat, Leviatã, Kraken, Hidra, donde o mar era representação das profundezas infernais, que todos temiam. Por isso, até hoje, procuro assiduamente, por algum povo na história da humanidade, que teve algum conto, mito que demonstre positivamente o fenômeno praieiro. Dos grandes líderes espirituais, todos nem de perto estivaram na praia durante seus momentos cruciais. Moisés recebeu as tabulas dos Dez Mandamentos no Monte Sinai; Jesus deu o Sermão da Montanha, numa figueira Buda atinge seu nirvana, e, Aleister Crowley era um alpinista, e nas montanhas tinha seus devaneios.
Em toda história, ninguém em sua sã consciência diria que existiria algum tipo de lazer ficar se autodestruindo num ambiente mais caótico que o devir de Heráclito. Somente depois de passar por uma lavagem cerebral, e repetir mil vezes que aquilo é bom, todos vão como uma zumbie walk para o litoral mais próximo, gemendo pelo nome:"praiiiiiaaa".
Afinal, Jesus passou pelo mar, mas, ele andou por cima, jamais delirou em ter a ideia de colocar uma roupinha colada para mostra o corpo másculo, e dar um bom mergulho nessa água salgada.
Antes, lazer estava associado com a ideia de escalada em montanhas, caçadas nas florestas ou seja, num encontro espiritual do homem com a natureza. Porém, nos confins da Era Vitoriana, começa-se o repugnante costume de ir para praia. Porque não bastar apenas, ir para praia, existe uma cultura ao redor disso, uma roupa, uma música, uma linguagem, todos do mais baixo e alienadores níveis. Uma clara consequência clínica de que a maresia, o cérebro enferruja.
Em suma, a praia tem a espiritualidade do mundo do século XX e XXI, banhado por sangue de duas guerras mundiais, genocídios, pranchas de totalitarismo, e limpezas étnicas de picolé caseiro, surfar em ondas radioativas, pandemias ensolaradas, testes humanos em trailer de cachorro-quente, ciborgues de asa-delta, clones de biquines, e ETs de boias de plástico... É assim que tudo termina, o homem saiu da montanha e morreu na praia.

10 comentários:

  1. mauhahuaahuahauha zumbis mauhauahuahuahauaha exatamente isso!!
    "roupinha colada para mostra o corpo másculo" trooo


    ta vendo eu sempre odiei praia, vc arrumou uma explicacao

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  2. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!!! MORRI DE RIR!

    Jesus mostrando o corpo másculo LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL HAUHAUAHUAHUAHUAHUAHUAHAHUAHUAHUAHUAHUA...

    Você ainda esqueceu de falar em quando a gente entra no mar... Sempre vem aquela caravela nojenta pra cima de você, ou aquela água-viva demoníaca te pega por trás. Quando é pouco, você pisa em alguma coisa muito lisa e suspeita, enquanto tenta lutar contra a maré, ou é obrigado a fugir de peixes mortos boiando na água, ou de outras coisas mais... Humanas. Ahem.
    E tem os carrinhos de picolé, o Chiclete com Banana nas alturas, pessoas magras e musculosas a todo seu redor para te mostrar o quanto você é miserável por gostar de comer, o tumulto na areia que impede que você faça uma simples caminhada... etc etc etc.

    Mas quer saber? No final, aprendi a gostar da praia. É um lugar bonito, apesar de tudo. E acho que se, desde sempre, as pessoas associaram o mar a coisas ruins, é porque essas lendas que você citou vêm de lugares onde é impossível ir à praia como fazemos por aqui. Porque, se houve essa associação com o mar, também houve outras associações... Com o dia e com a noite, por exemplo. O dia geralmente é simbolizado como a vida, a alegria e etc, em várias culturas diferentes. Na nossa não podia ser diferente, então acho que é basicamente por isso que as pessoas gostam de curtir o sol. Eu, pessoalmente, também costumava odiar praia (tanto que concordo com quase todos os seus argumentos), mas também não foi tão difícil começar a gostar. É só relevar esses problemas e aprender a apreciar a beleza do lugar (quando não tem 3781645917834659178345 de pessoas e barcos na sua frente), entrar em contato com a natureza (QQQQQQQQQ), enfim... Vou parar por aqui, daqui a pouco o comentário fica maior que o post!

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  3. Praia só presta à noite!
    Maresia acompanhada por um bom vinho tinto, gente bebada rindo por merda, cigarrinho, vento na cara.
    Bom demais!
    Agora de dia é uma merda msm...
    Mas qnd eu era criança achava mto bom tomar banho e depois vim com sede beber aquela coca-cola gelada com uma batatinha frita... n tinha coisa melhor n!Hj a coca n é mais tão doce e a batatinha é mto salgada! x(

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  4. Curto praias, o motivo... eu não sei, acho que talvez pela sua beleza, um lugar para relaxar, um banho que apesar de te deixar fedorento, fei e salgado te dá uma boa sensação, a pé descalço tocando a areia humida, ver onde o "céu toca o mar", olhar para frente e só ver o horizonte, aproveitar a brisa, um drinque refrescante. Pela noite ainda fica melhor, a brisa fria, a calma que você não costuma encontrar muito no periodo da manhã, o barulho das ondas, a lua "tocando" a agua, assim como a montanha... a praia é um lugar de extrema beleza.

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  5. "Um magnífico ensaio sobre o costume pós-moderno de ir à praia... Demonstra erudição, senso de humor e fluidez na apresentação das suas ideias."
    The New York Times

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  6. Minha alma 'sertaneza' me faz não gostar de mar vez em quase sempre. Sobre isso escrevi vários poemas e tenho um romance inacabado que se passa a beira da praia (para desespero da personagem principal). Gostei demais da parte literária de seu texto - mesmo que sobre a defesa da tese tenha contestações.

    Um poeminha que escrevi há muito sobre o mar:


    Não é água a água do mar,
    Coisa que suja antes que lava.
    Dá sede bem mais que sacia
    Essa sopa salgada e brava.
    Sois – será? –, urina de areia,
    Daquela que bebeu da chuva...
    Sois, quiçá, vômito do rio,
    Dele que é, sim, de água água...
    Não, água do mar, não sois água.
    Quem que sois, quer que eu te responda?
    Digo, és nada, água do mar,
    Até que seja mar e onda.

    (André Falcão)

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    Blogue sempre!

    Tens em mim um leitor admirador.

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  7. Ah, sobre faltar grandes mestres na praia...

    Filme Lua de Cristal - Sérgio Malandro é o príncipe encantado a cavalgar na beira da praia.

    Nunca esqueçais do que disse aquele grande Mestre:

    Xá, la la la la la
    Xá, la la la yê ê ê ê
    Xá, la la la la la
    Lá la la la la la la lá
    Sou praieiro
    Sou guerreiro
    Tô solteiro
    Quero mais o quê?

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  8. praia eh massa pra levar a gata à noite
    kakakaa

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  9. ou pra tomar uma gela com os brother e pegar um bronze massa!

    uehaUehAUEhaUEhuH

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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